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HIDRO TURBINADA
Esteira, bicicleta, trampolim e programa pré-coreografado mergulham na piscina e ajudam academias a atrair um novo público

Exercícios dentro d´água deixaram de ser apenas sinônimo de natação nos anos 80. O boom da hidroginástica ajudou a alavancar os negócios nas academias. Muitos são os casos de ampliações apenas para receber piscinas. Mesmo com o sucesso, a modalidade teve que conviver com o estigma de modalidade voltada para a terceira idade, gestantes ou pessoas em recuperação por lesões ou problemas de saúde. Passados 20 anos, o público e suas exigências mudaram. Recentemente, a submersão de aparelhos tornou-se uma tendência na indústria do fitness. Hidrojump, Hidrobike, Power Pool e Aquafit são algumas das modalidades que estão revolucionando as atividades aquáticas e atraindo um novo público para as piscinas.
"A população que busca a hidroginástica hoje é muito diferente daquela que inaugurou as aulas nos anos 80. O público é mais jovem, a presença masculina é mais constante, as aulas são mais intensas e voltadas para a melhoria do condicionamento físico total, incluindo o trabalho muscular, tão em alta neste momento. Além disso, a indústria de equipamentos específicos cresceu em larga escala. Temos, no mínimo, quatro vezes mais fabricantes que há 10 anos e uma enorme variedade de materiais que foram desenvolvidos somente para as aulas de hidroginástica. Muitas das atividades terrestres foram adaptadas para a água, como o Duplo F (aula que transporta a proposta do Pilates para o meio aquático)", comenta Vera Lúcia Gonçalves, coordenadora dos Cursos de Extensão Universitária e Pós Graduação em Hidroginástica da UNIFMU.
Uma das novidades é o Power Pool (primeiro programa de hidroginástica sistematizado do mundo). Criado e desenvolvido no Brasil, causou impacto na comunidade da hidroginástica. As aulas são pré-coreografadas, com duração de 45 minutos. O programa segue o gráfico de treinamento intervalado, tendo dois picos de intensidade do trabalho cardiorrespiratório, e inclui séries de exercícios que envolvem movimentos em suspensão, posição neutra (água na linha dos ombros), deslocamentos, além dos exercícios de resistência muscular localizada e alongamentos. Por envolver uma quantidade de ritmos e estímulos diferentes, atende simultaneamente a iniciantes e avançados, homens e mulheres de faixas etárias diversificadas, aumentando o público-alvo e a rentabilidade.
O investimento inicial no Power Pool é de R$ 200 e varia dependendo do relacionamento da academia com a Body Systems (se é cliente e quantos programas Les Mills trabalha). No Brasil, 170 academias oferecem o programa. "A hidroginástica continua com seu espaço garantido dentro dos clubes e academias. E o Power Pool vem agregar méritos à atividade", afirma a responsável técnica do Power Pool, Vera Lúcia Gonçalves.
O Aquafit causou um verdadeiro furor depois que estudos científicos mostraram que a prática na esteira aquática aumenta significativamente o gasto calórico. Desenvolvido pela empresa Sahinco, a invenção 100% brasileira é a primeira no mundo com painel eletrônico, diferentes velocidades e níveis de inclinação. Segundo estudo desenvolvido pelo fisiologista Turíbio Leite de Barros, a Aquafit queima 140% mais calorias e o impacto é 45% menor comparado a uma esteira convencional.
A esteira é confeccionada em aço inoxidável, com peças em inox e nylon e com carenagens de plástico. O painel eletrônico faz monitoramento wireless (sem cabos) de batimentos cardíacos; cálculo do gasto calórico; comanda a velocidade (zero a 9km/h – contínua) e inclinação (13% com intervalos de 1%); permite a programação de uma série, de acordo com o objetivo do exercício e oferece 64 programas pré-estabelecidos para treinamento ou condicionamento físico. Pode ser montada em qualquer piscina com profundidade de 1,20m a 1,60m.
Atualmente, apenas a Academia Kainágua, de São Paulo, oferece a modalidade, com seis esteiras em funcionamento. O custo de cada equipamento é de R$ 67 mil. "É um equipamento próprio para água e tem o custo de apenas duas esteiras terrestres de ponta. Com o produto, a academia pode oferecer uma modalidade que diversifica o trabalho na piscina. Então, é um investimento lucrativo, pois vai atrair um grande público para a água devido aos benefícios que a atividade promove, além daquele grupo que tem vergonha do corpo e se sente mais confortável na Aquafit por estar dentro da piscina", afirma Bolivar Figueiredo, proprietário da Sahinco.
Outro equipamento que mergulhou na água é a bicicleta ergométrica. Construída em aço inox 300, a Hidrobike possui controle de altura para adequação em piscinas de 1,20m a 1,60m de profundidade, com regulagem de celim e guidon. É usada para a prática da Hidrospinning®, nova modalidade que permite gasto aproximado de 400 calorias em 40 minutos de aula; baixíssimo risco de lesões; sobrecarga controlada de forma segura e individualizada; redução da sobrecarga da coluna vertebral; redução do estresse térmico; força constante no giro e retorno venoso facilitado. Por ser praticada dentro da água, não provoca impactos para o joelho e articulações. Estudo divulgado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com 408 alunos de nove academias da Capital, revelou que 17,6% dos praticantes do ciclismo indoor apresentaram lesões nos joelhos.
A Hidrobike tem custo unitário de R$ 2.500 e o programa de aulas do Hidrospinning®, com treinamento de professores e consultoria para implantação da modalidade e divulgação na academia, sai por R$ 1.500. A modalidade está no Brasil há três anos e cerca de 30 academias oferecem o programa, como a rede carioca Bodytech, que implantou a modalidade há um ano e meio. No total foram R$ 102 mil investidos em hidrobikes e o retorno veio em 12 meses. O sócio-proprietário da empresa, José Antonio da Rosa, afirma que a recepção dos alunos à nova atividade foi excelente. "As turmas são lotadas e trouxe para piscina um público jovem que até então não tínhamos. A modalidade corresponde a 15% do faturamento na parte de piscina."
A diretora técnica da Hidrobike, Roberta Rosas, afirma que a introdução de equipamentos na água não é apenas mais uma opção na hidroginástica. "O objetivo é ter uma nova opção de atividade física na água para agregar um novo perfil de aluno, aquele que queira respostas mais rápidas em atividade aquática", afirma. Ela acredita que cada vez mais haverá transferência de equipamentos para o meio líquido. "A água dá maior segurança (diminuição do impacto, menor risco de lesões), melhor termorregulação e tem o efeito massageador ao longo do exercício, o que no fim da atividade vai promover um maior bem-estar."
Outra atividade molhada é o Hidrojump, atividade praticada em um mini trampolim fabricado em aço inox que fica no fundo da piscina. O equipamento custa R$ 195,00 e fitas de vídeo com aulas pré-programadas têm valor de R$ 36,00 cada. O pico de vendas da novidade em um mês foi de 7 mil unidades. "A aceitação é bastante grande. Nas academias onde foi implantado, o equipamento é sucesso. O hidrojump tornou a aula mais atraente, motivante, mudando a visão de que atividade na água é apenas para terceira idade", explica o responsável pelo departamento de eventos e marketing da Physicus (empresa que comercializa o produto no Brasil), Luciano Bueno.
O investimento no Hidrojump se resume, basicamente, na compra do equipamento. Não há licença de utilização. A rede brasileira Companhia Athletica implantou a modalidade em outubro de 2003 e batizou como Aquajump. Em média são 14 trampolins em cada unidade e a participação dos alunos nas aulas é bastante positiva, de 80% a 100% da capacidade. "A atividade trouxe alunos que não freqüentavam a hidroginástica. Vale a pena ter porque aumentou a média de participação dos alunos nas aulas. É um diferencial, faltava no mercado equipamentos para membros inferiores na piscina, que reduz o impacto. E, comprovadamente, aumentou a participação de alunos após a estréia do Aquajump", atesta Richard Bilton, um dos sócio-proprietários da rede.
Enquanto o Brasil atravessa rápidas transformações na atividade física aquática, outros países da América Latina ainda estão dando os primeiros passos. No caso do Uruguai, por exemplo, as academias ainda não investiram em piscina. A rede Aerobic é uma exceção, já que disponibiliza piscina na unidade Pocitos. Por enquanto, natação e hidroginástica são as atividades oferecidas. Luis Moroni, diretor da Aerobic, comenta que existe a possibilidade da novidade ser a ioga na água. "Há muito o que crescer com as possibilidades que a ginástica na água oferece. Poderá haver um crescimento da natação para bebês e a fisioterapia na água. Sem deixar de lado as atividades recreativas, como o aqua volei (também conhecido como biribol)".
Roberta Rosas acredita que as atividades, especialmente com aparelhos, vieram para ficar e são ferramentas fundamentais para o aumento do faturamento nas academias. "Novas estratégias de hidroginástica não geram resultados. A implantação de novas modalidades é mais atrativa, pois oferece resultados diversificados para o aluno e atrai outros perfis de clientes."

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